Carta

2.ª Feira, 16 de Outubro de 2006

Querido avô:

Dedico-te esta carta, pois de todas as pessoas que conheci até hoje tu foste e és das que me fez e faz mais falta.
Eras uma pessoa excelente, muito trabalhadora, sempre pronta a ajudar tudo e todos.
Ainda hoje me custa aceitar a tua morte, tão violenta, uma morte estúpida que não me sai da cabeça.
Sei que já tinhas avisado do que irias fazer, mas nunca ninguém te levou realmente a sério, pensámos sempre que fosse brincadeira tua ou simplesmente para chamar a atenção, para te afirmares, para dizeres que estavas revoltado com a tua doença...
Gostava tanto de estar pelo menos uma hora contigo…
Tenho tantas perguntas para te fazer, tantas coisas para te contar…
Mas talvez, quem sabe, um dia eu tenha a oportunidade de te contar e perguntar todas essas coisas…
Como eu gostava de te poder dizer que és tão importante para mim e que ainda hoje sofro com a tua ausência, penso tantas vezes como tudo seria se ainda estivesses aqui…
Gostava de te perguntar o porquê da tua morte, porque o fizeste??? Será que foi propositada??? Será que só quisesses assustar sem fazer nada que te prejudicasse???
Será que era mesmo isso que querias???
Não sei, não compreendo, nem sequer consigo aceitar, mas a vida é assim, e não se pode voltar atrás no tempo…
Tenho tanta pena de nunca te ter dito o quanto te amava, o quanto eras importante para mim, o quanto eu gostava de ti, como tu me fazias sentir bem, querido avô.
Sempre que eu estava em baixo, lá vinhas tu com as tuas piadas para me fazer rir, e a maior parte das vezes conseguias…
Sempre gostaste de ver os outros sorrir à tua volta…
Não me saem da cabeça todos os momentos bons que passámos juntos, todos à mesa, tu a contar histórias antigas, não querias que faltasse nada nem ninguém…
Mas bem, como sei que não vais ler esta carta, pelo menos espero que descanses em paz, que eu vou estar aqui a rezar por ti, porque és uma pessoa muito importante para mim e vais ter sempre um cantinho guardado dentro do meu coração.
Estejas onde estiveres, olha por mim, que eu vou estar sempre aqui a pensar em ti.

Saudades da tua neta,

Ana Sofia

biografia

King nasceu em Atlanta, filho de Martin Luther King (pai) e Alberta Williams King. (Registros de nascimentos para Martin Luther King Junior confirmam seu nome como sendo Michael). King se graduou no Morehouse College, em 1948, com um bacharelado em sociologia. No Morehouse, King foi mentorado por Benjamin Mays, um ativista dos direitos civis. Em 1951 viria a se formar no Seminário Teológico Crozer, em Chester, Pensilvânia. Em 1955 recebeu um phd em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston. Por essa razão, muitos se referem à ele como Doutor Martin Luther King.
King e sua esposa vieram a ter quatro filhos:
Yolanda Denise King (17 de Novembro de 1955, Montgomery, Alabama)
Martin Luther King (neto) (23 de Outubro de 1957, Montgomery, Alabama)
Dexter Scott King (30 de Janeiro de 1961, Atlanta, Georgia)
Bernice Albertine King (28 de Março de 1963, Atlanta, Georgia)
Todos os quatro filhos de King seguiram os passos do pai como ativistas de direitos civis, apesar de que opiniões e crenças sejam bastante diferentes entre eles.
A esposa de King, Coretta Scott King, faleceu em 30 de janeiro de 2006.